Recordar de Si: o caminho do processo psicoterapêutico
Existe algo em nós que não pode ser aprendido — porque já é.
Também não pode ser perdido — porque permanece, mesmo nos silêncios, nas dores ou nos desencontros.
Esse algo essencial não é uma meta a ser conquistada, mas uma memória viva a ser reencontrada.
Na psicoterapia, muitas vezes não estamos aprendendo a ser, mas recordando quem somos.
Esse recordar é sutil. Acontece quando escutamos nossa história com novos olhos. Quando ousamos dizer em voz alta aquilo que escondemos até de nós mesmos. Quando, em meio ao caos, algo em nós sussurra: “isso não é tudo que sou.”
O processo psicoterapêutico, então, não é um construir do zero. É um despertar.
Um sopro que reanima o que estava adormecido.
Uma vela acesa no interior, iluminando paisagens esquecidas do próprio ser.
Nesse caminhar, não se trata de criar uma identidade perfeita, mas de lembrar-se com inteireza.
Recordar-se com compaixão. Reencontrar-se com coragem.
Porque o que somos não se perde — apenas se oculta.
E na presença de um olhar terapêutico, amoroso e atento, esse “recuerdo de si” pode finalmente florescer.